04 março, 2009

www.dudasuliano.com

Criei um site com a intenção de apresentar as coisas que tenho feito: o www.dudasuliano.com

É meio estranho, né?... Parece até que "duda suliano" é um personagem, uma instituição, sei lá... Mas sou eu mesmo (ou, pelo menos, um pouco de mim)!

Mas,... bem... tô lá, agora. Os textos continuarão (com maior frequência, prometo) e, com relação à música, colocarei um pouco da minha produção pessoal e dos trabalhos que tenho participado.

Espero que gostem!

17 outubro, 2008

Cada um com seu Ipod

“Cada um vive em um bunker de indiferença” - Gilles Lipovetsky.

Me impressiono, quando estou andando pelas ruas, com o número de pessoas que caminham por aí com fones nas orelhas. Parecem zumbis: olhar perdido, semblante apático; não interagem, não reagem, sei lá…

De fato, diante da enxurrada de informação que nossos downloads são capazes de pescar, faz-se necessário um aparelhinho capaz de armazenar isso tudo e, de preferência, que seja bonitinho, compacto, simpático… Se for a última moda tecnológica do planeta, melhor ainda!

Afinal, informação é tudo… Basta olhar pros donos do mercado desse milênio: Google, CNN, Microsoft, Apple (com seu Ipod, Itune, Iphone)...

Nos anos 70, o capitalismo percebeu a necessidade de desenvolver uma cultura global. Afinal de contas, pelo fato do modelo pós industrial privilegiar a informação e os serviços, a industria cultural seria então um grande meio de difusão dos valores e idéias do voraz sistema. Com essa tal cultura globalizada, através da fragmentação da produção cultural subsequente, seria possível incluir todas as culturas como mercados consumidores. E, com a desreferenciação do sujeito frente a sua cultura-mãe, o carinha poderia se dedicar ($$) mais às coisas próprias da nova ordem mundial. Meio que trocar a carne seca com aipim por um McLanche com batata grande.

A eficácia desse processo atinge não só mercados, mas a sociedade, sua célula e seu núcleo celular, a saber, a família e o indivíduo.

Bem, o fruto disso tudo é um alguém que perdeu sua referência. O alguém em questão tem hoje - com a internet, satélites e celulares - o maxímo em informação e o que há de melhor em tecnologia; porém não sabe lidar consigo mesmo e, muito menos, com o outro. Diante de tanto material e informação, é incapaz de fazer um juízo do que lhe é oferecido. Debruça-se sobre seu leito democrático e, sem saber como lidar com tanta liberdade, se tranca, amedrontado, dentro de seus pequenos apetrechos tecnológicos. Medo gerado pela ausência do senso de sociedade.

Incapaz de experimentar a alteridade, o indivíduo hightech, no seu isolamento, vai cada vez mais se minimizando, se miniaturizando. Tudo torna-se pequeno, sem grandeza; sua alegria reside no último lançamento que acabou de chegar às lojas. Seu desejo é miniaturizado: suas micro-aspirações se satisfazem com micro-objetos.

Os fones de ouvido do mp3 player tornam-se, então, a atmosfera de mundos singulares, de vidas isoladas da possibilidade do outro. Um mundo digital cerca os solitários donos desses aparelhos; um mundo que tem muito a oferecer, que não exige questionamento e que, para isso, entrega tudo já ruminado. Uma sabedoria virtual, um conhecimento não experimentado.

Uma alienação reconfortante... e sem culpa!

29 agosto, 2008

Indagando, buscando, produzindo...

Uma coisa me soa curiosa: andando pelas exposições de arte contemporânea a gente sempre acaba se deparando com autores que realizam seus trabalhos para questionar o que é arte.

Talvez a música não seja capaz de apresentar um conceito de forma tão idiossincrática – até porquê é mais difícil ouvir comentários de um compositor sobre sua música – mas, me pergunto: algo que se propõe uma obra de arte é capaz de se indagar sobre o que é arte ou esse algo está, ele mesmo, vivendo uma crise de identidade?

De fato, para driblar uma crise de identidade (leia-se falta de personalidade), ou se reconhece o fato e espera um sopro de autenticidade ou apoia-se num porto seguro: a imitação ou uma pura alienação (que, hoje em dia, parece ser muito cult...).

Acho que não é a hora de adentrarmos nos questionamentos sobre o que é arte. Mas, faz-se necessário mergulharmos no universo artístico que nos cerca. E, para isso, muito bom seria buscar o conceito do artista e, em contrapartida, desenvolvermos nosso conceito (quanto mais embasado, melhor...) sobre o que vemos e ouvimos. A arte não pode parar no sentimentalismo, numa preferência simplista do tipo “isso sim, isso não”.

Na verdade, a digestão de uma música, de uma escultura, de um filme ou peça teatral se dá na razão, nos porquês e nos portantos. As sensações são apenas reações ao estímulo que se dá nos sentidos. É fato que as reações nos tocam, nos perturbam; mas, a princípio, é só isso que são capazes de realizar. E, no máximo, deixarão apenas uma agradável (ou desagradável) recordação.

Qualquer um pode (e deve!) questionar o que está vendo e ouvindo. Questionar leva ao buscar conhecer melhor; conhecer melhor leva a uma melhor compreensão; compreender é ser potencialmente afetado pelo objeto conhecido; e ser atingido num processo como esse é sempre renovador.

Não afirmaria, como muitos, que a arte está em crise. Mas, até essas questões sobre autenticidade, crise e alienação são capazes de trazer novos horizontes para nosso olhar.

Afinal de contas, estamos no mundo para atingir e sermos atingidos.

30 maio, 2008

Tocando o eterno

Eu sempre achei que existe um momento em que, no ato de tocar, estamos tão fundo no mergulho que damos, que temos a sensação de não sentir mais o tempo. Quando estou ali, não há tempo; não há próximo compasso e não se passou nenhum. Só há o agora!

Eu sei, tá muito doido isso... mas é uma sensação! E é forte! E parece como se tocasse o eterno, o sempre, o divino!...

Eu sei, eu sei... veja isso:



A primeira vez que vi esse vídeo, fiquei muito chocado, muito emocionado. Parecia ver esse instante que comentei acima, a mesma experiência.

O tema da música que estão tocando (chamada “Prism”, do disco do pianista Keith Jarrett, “Changes”, de 1984) nem aparece no vídeo. O trecho em questão começa logo após o final do solo do baixista Gary Peacock; a música pede um novo rumo e eles obedecem.

Muito bom! Muito honesto e verdadeiro. Acho que é essa verdade que emociona...

09 maio, 2008

Papos e panquecas

Me sento de novo pra rabiscar algumas coisas nesse blog por causa de uma das mais belas obras que Deus foi capaz de criar: o outro.


Vivi uma preciosa experiência nessa semana. Uma bela conversa de mesa de bar (ou será pizzaria?!). Bem, a primeira vista, nada de mais aconteceu: nenhum assunto me tocou em especial, nada de frases transformadoras ou temas profundos...Nada de cenas de cinema ou “química” (ou seja lá o que isso signifique!)...


Apenas relembrei o que é se dar conta do outro (bem,preciso dizer que encarei isso como uma dádiva!...); se aperceber que histórias passam por nós - aos montes - todos os dias. E poucas nos permitimos tangenciar e ser tangenciados.


Mas, pra quê, porquê??


Bem, digo pra você como quem descobriu a pólvora: pra nada!! A mágica está na ausência de utilitarismos e pretenções. A liberdade de se viver sem se preocupar com o que se ganhará, o que me acrescentará (ou na linguagem atual “com os rendimentos”).


Sentei, comi, ouvi, falei. Posso dizer que até muitas boas coisas aprendi mas, não foi o conteúdo do papo o que mais me tocou. Foi perceber que histórias se sentam a nossa frente, passam por nós, falam ou não conosco. Mas todas são únicas, todas tem sua melodia, cada uma com sua matiz única.


Quero novas pinceladas em minh’alma, novos timbres a me inspirar. Me dar conta da riqueza que me cerca e do tanto que ainda tenho que explorar.


Sentei, comi, ouvi, bebi, falei... E, então, compus.


Mais uma panqueca, por favor...

07 maio, 2008

Extraordinariamente falando...

O extraordinário fascina, conquista no ato. Emudece, hipnotiza. O extraordinário ultrapassou o que nos cerca, se destacou do que sempre esteve lá, do rotineiro.

Se ele merece tanta atenção? Isso não vem ao caso agora... O fato é que, agora, ele é extra; ele está muito além do ordinário!

Bem, já este é o que sempre esteve lá e sempre estará. O ordinário pode até ser imprescindível mas, seguramente, será apenas ordinário. Aquilo que se vê todo dia, rotineiro; já passa despercebido...

Mas, pro artista, não pode ser assim.

O olhar do artista precisa do ordinário, precisa do que o cerca. O artista é capaz de transformar o costumeiro em algo sensacional: papel branco em extraordinário, tinta em espetáculo!

E quanto mais ordinária é sua matéria-prima, mais pura e transparente é sua verdade - pois o que o cerca, também indica quem ele é -. E quanto mais próximo ao que lhe é próprio, mais sincera e original será sua inspiração.

E, finalmente, eis o que há de mais extraordinário: se ver na obra construída a partir do ordinário que nos cerca, que reside em nós.

Eis o extraordinário! Eis a arte!

11 janeiro, 2008

Criatividade e bom senso

A criatividade que inspira a arte exige um olhar atento a tudo – disso já sabemos - . O fato é: de que vale isso? Qual o valor desta conquista?

A criatividade – seja ela manifesta na arte, na educação, no trabalho, no dia-a-dia – nos faz pensantes; ela transforma nossa cabeça num terreno fértil, tanto para criar quanto para absorver informação.

Essa atenção produz um olhar mais aguçado, uma percepção crítica daquilo que nos cerca. Enfim, a criatividade nos dá opinião própria.

Desse processo nasce um item de suma importância para a formação do ser humano: o senso crítico. É ele que nos dá a capacidade de discernir e analisar tudo que chega até nós; é nosso olhar próprio. Sobre tudo.

Criatividade e senso crítico andam juntos e são pré-requisitos básicos para uma boa educação, para uma boa formação – seja da criança, do jovem, do artista ou do velho.

Bem, pelo menos, acho que é assim...